7 foi o
número de vezes em que ele ganhou da roleta.
Durante 7 dias, antes de ir para a delegacia cumprir seu turno, ele botava uma bala no tambor, girava e disparava contra a mesinha de centro de sua sala de estar.
7 foi o
número de vezes em que ele ganhou da roleta.
Durante 7 dias, antes de ir para a delegacia cumprir seu turno, ele botava uma bala no tambor, girava e disparava contra a mesinha de centro de sua sala de estar.
Era um dia para se lembrar. Seu aniversário.
Fazia tantos anos. Não queria se lembrar da quantidade. Não
queria festa. Bolo. Nada.
Levantou-se da cama e nada havia mudado.
O cara
entrou e pediu um cigarro solto.
-
Mataram o Hugo, disse.
Dei o
cigarro solto. Pagou.
- Mataram o Hugo, cara. Trinta tiro.
Bom dia, disse ele para seu pai.
Era 7 e 38 da manhã e acabara de sair
do banho. Estava frio. Era junho. Talvez o junho mais frio que ele presenciara
até então.
Estava colocando as meias. Depois colocaria os tênis, e então, com o cabelo meio úmido e já penteado, tomaria o café.
Certo. Então tem aqueles momentos em que você sente que
precisa escrever. A vida te subjuga, você tem trabalho, banho, janta, almoço,
idas ao banco, cartório, leitura, TV, álbuns, singles, discografias, dentes
para serem escovados, dentistas a serem consultados, chopps a serem bebidos com
amigos que você gostaria de ver toda semana mas suas agendas nunca batem;
enfim, você precisa escrever. É mais forte do que você.
Mas temos desculpas. Várias. Demais.
Apenas ouço a chuva que cai lá fora.
Desliguei todas as luzes. Uso meu celular como lanterna
para ler um livro de contos de um certo autor.
O silêncio domina.
Faz sua majestosa aparição em meio ao barulho de personagens marginais e o barulho da chuva.
Pois é, foi o que eu pensei. Ano novo, vida nova. É esse o lema, não é mesmo? Mas aí é que está. Voltamos sempre aos velhos hábitos.