sábado, 30 de julho de 2016

Vitória no Canindé

E após quatro derrotas, a Portuguesa voltou a vencer e conseguiu dar uma respirada. Com um gol de pênalti no segundo tempo da partida de hoje contra o Mogi Mirim, a Lusa ganhou por um placar magro de 1 a 0 em seu estádio, e escapa temporariamente da zona de rebaixamento da série C, com 11 pontos.


Como o jogo de hoje foi o único da rodada do grupo, amanhã às 11:00 o Macaé, com 10 pontos, joga contra o vice-líder Boa Esporte e pode colocar a Portuguesa de volta na zona de rebaixamento.

Apesar da ruim situação geral do clube, o time da casa teve algumas oportunidades de abrir o placar no primeiro tempo, assim como no último jogo. Entretanto, a equipe tinha dificuldades em acertar os passes e as finalizações. Felizmente, ao contrário da última partida, hoje o pênalti foi a favor.

Aos 21, Daniel Ferreira cruzou, a bola sobrou para ele e ao chutar, o zagueiro Henrique Motta tirou a bola com a mão, fazendo pênalti e sendo expulso. Bruno Mineiro cobrou e marcou.


Com um a menos, o Mogi Mirim tentou empatar, e apesar da pressão no final do jogo, não conseguiu.

Apesar de tudo isso, o segundo turno acabou de começar e a Portuguesa ainda tem chances de continuar na série C, e se não enterrar ainda mais do que já está, com a pior temporada de sua história (lembrando que a Lusa se salvou da degola para a série A-3 do paulista no ultimo jogo, no começo do ano).

Algo tem que mudar, pois não se pode continuar dependendo da sorte de conseguir um pênalti para conquistar 3 pontos.

A Portuguesa enfrenta o Ypiranga-RS, domingo, dia 7 de agosto, às 11:00, no estádio Colosso da Lagoa, em Erechim, pela 12ª rodada da série C.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Eu não construí essa cidade


Não fui eu quem construiu essa cidade. Sou um mero habitante que caiu aqui por acidente, pela ilusão de que aqui tudo acontecia; de que as pessoas estavam passando para lá e para cá, mas que se esbarravam de vez em quando e começassem a conversar entre si, sem um interesse a mais, sem outra intenção.

Caminho pelas ruas de São Paulo e apenas sinto o vazio dessa falta de interesse coletiva. As palavras na ponta da língua, mas que não passam do bom dia, boa tarde, boa noite, tudo bem, como vai, você tem na cor vermelha, pode ser coca mesmo, dois bilhetes, por favor, essa é a fila pro ônibus, tchau, brigado...

Andar de carro é ainda pior. Encarando os faróis do carro da frente, os malabaristas nos faróis, as pessoas pedindo por um real para comprar um pão que se transforma em uma garrafa, as buzinas, a pressa para ganhar alguns segundos, segundos que vão simplesmente gastar vidrados em alguma tela de celular, esses que fazem tudo menos aquilo que seus irmãos presos à parede de casa por um fio foram feitos para fazer.

Talvez eu esteja ficando velho demais. Mas eu nasci velho. Um velho que olha para tudo aquilo que está sendo feito em volta e se sente ao mesmo tempo inútil e aliviado por estar apenas andando pelas ruas dessa cidade, e não a construindo e a carregando sobre as costas.

A qualquer momento eu posso entrar na rodoviária, comprar uma passagem e ir embora. Todos os dias eu acordo com esse pensamento. Todos os dias eu subo as escadas rolantes da rodoviária e ao invés de continuar eu paro no meio do caminho para comprar um bilhete para o metrô. E continuo nessa cidade.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Em uma escada, em uma vida...


Eu estava sentado na escada que dá acesso à praia, quando um rapaz de uns trinta anos aproximou-se de mim.

Meu cigarro estava quase no fim, com uma grande parte de cinzas presas ao corpo. Estava segurando-o fazia um bom tempo sem dar uma tragada. Após mais de cinquenta anos com esse hábito, você meio que não dá muita bola. É mais um hábito do que uma necessidade. 

Ele chegou mais perto e sentou-se ao meu lado.

“Oi, como vai? Pode me emprestar o isqueiro?”

Eu levei a mão desocupada ao bolso da camisa e peguei o acendedor.

“Aqui.”

“Valeu... Então, só apreciando a paisagem? Sempre que eu posso dou uma saída do trabalho pra vir aqui. Nem gosto de mergulhar.”

Ele disse isso enquanto tirava um cigarro do maço e colocava entre os lábios. Eu não prestei muita atenção em suas frases, por estar perdido nas lembranças de quando eu era mais jovem que a sua presença ativou.

Lembranças de antes de vir morar aqui, no litoral, para que as lembranças de minha querida esposa não se esvaíssem com o tempo. Pensei nos finais de semana e feriados em que passávamos juntos, com nossos filhos pequeninos, tomando água de coco e fazendo castelos de areia, ali mesmo. Mas agora os tempos eram outros. Os pequeninos cresceram, foram trilhar seus próprios caminhos e minha esposa já não está mais aqui.

“É ainda melhor quando está vazia.”

“Concordo”, disse ele.

“Não devia ter vindo morar aqui”, todos diziam para mim, “tem que continuar a viver!” outro exclamava dando ênfase e levantando as sobrancelhas esperando que eu concordasse com o seu pensamento. 

Muitas memórias, muita nostalgia, muita alegria, mas agora...

O rapaz, após algumas baforadas, encostou os braços nas escadas atrás dele e sorriu. Quando tinha essa “joviedade” fazia exatamente o mesmo: relaxar, sair da rotina. Ao vê-lo desse jeito não me contive e sorri também.

Mas não pensem que estou morto, pois não estou. Que sou um velho amargo, alienado, que se arrepende das coisas que fez ou que não fez. Que tem um fim de vida cheio que rabugice e rancor. Às vezes, tenho esses momentos nos quais a nostalgia toma conta, mas até que gosto quando isso acontece. Afinal, quando se chega aos oitenta, há mais do que se passou do que o que ainda está por vir. Vou ao clube quase todos os dias. Danço e me divirto como posso. Não dou trabalho a ninguém, não deixei que me tornasse um fardo para aqueles que se importam comigo. Visito-os no natal e no ano-novo e é o suficiente.
           
Sem tirar os olhos das águas o rapaz diz de um modo profundo, vindo do coração.
           
“Nunca me canso de ver isso. As águas indo e vindo.”
         
“É... Eu também, garoto... Eu também...”

terça-feira, 26 de julho de 2016

A grande luta


Ela empunhou a espada e começou a correr. Correu e correu.

Ao chegar ao local exato da batalha, viu-se, em poucos minutos, cercada por vários inimigos. Todos grandes, de armadura, espadas, metralhadoras, rifles. Alguns montados em cavalos. Outros em tigres fortes e de dentes amostra.

A mulher respirou. Precisava se concentrar. Fazer sua tática. Assim teria com o que trabalhar. Analisar os mais fracos, saber quando recuar e deixar os mais fortes de lado, até ter mais espaço e golpeá-los de forma inteligente.

Antes de começar a dança, deu uma risadinha. Alguns deles esboçaram um meio sorriso, mas foram impedidos pelos olhares repreensivos dos companheiros. Ela então se pôs em posição e partiu para o ataque.

“Morram!”, gritou.

Rapidamente ela foi imobilizada pelos enfermeiros, que tiraram a caneta esferográfica de sua mão e lhe deram um sedativo.

Antes de apagar ela ainda esboçou uma reação.

“Vocês vão ver, da próxiiiimm...”

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Depois das séries


Depois que você passa a assistir séries, é um caminho sem volta.

Passa a pensar em termos de quantidade de minutos – essa tem X episódios, cada episódio tem X minutos, então dá pra eu assistir X episódios hoje e amanhã eu termino essa temporada. A outra temporada tem X episódios, então... E assim por diante.

Não assiste mais filmes. E então passa o ano e você percebe que não viu nem metade dos blockbusters que todo mundo está falando. Os filmes do Oscar, nem pensar. Pra que ver aquele bando de filme pretensioso que só vai insultar o meu cérebro e me chamar de idiota?

Você trará o pensar em termos de minutos para os filmes e fica indignado como os caras ficam dormindo em serviço. 4 anos pra fazer um filme? O pessoal faz 40 minutos de série a cada semana! – Mas é claro que as coisas não funcionam assim.

Você não vê o tempo passar. E aquele planejamento de assistir X episódios hoje vai por água a baixo.

A depressão pós-final de temporada é horrível. Meses e mais meses de espera para a série voltar com a nova temporada. E se termina com um gancho, então? Nem pense nisso que aí talvez isso não acontece com as séries que você está acompanhando. Cruze os dedos enquanto você não pensa nessa tortura.

Agora o series finale é o terror maior. Principalmente se a série foi cancelada. Se foi cancelada com um gancho, cheia de pontas soltas, dá vontade de morrer.

Mas tem aquelas que já passaram da data de validade, que a gente reclama, mas está sempre ali vendo o episódio que acabou de sair, da 14ª temporada. E olha só, foi renovada pra 15ª. Vamos lá, vai ser divertido.

domingo, 24 de julho de 2016

Macaé x Portuguesa

1 x 0.

Pênalti aos trinta sete do segundo tempo.

Quarta derrota seguida da Portuguesa.

Zona de rebaixamento para a série D.


Começou jogando bem. Teve pelo menos umas quatro oportunidades de fazer o primeiro gol e talvez até um segundo. Não fez. Perdeu.

É difícil. A pior temporada da Lusa em toda a sua história. Afinal, no Paulista da A2 ela se salvou com um empate no último jogo. É triste. Não tem mais o que dizer.


Para quem quiser saber mais:
http://portuguesa.com.br/2016/07/23/portuguesa-perde-para-o-macae-fora-de-casa/

Veja o gol do jogo:



segunda-feira, 18 de julho de 2016

Portuguesa

Não sei se bato palmas para os bravos lusitanos que foram ao Canindé hoje ver mais uma vez a Portuguesa perder mais um jogo da série C desse ano, ou se sinto pena pelo tempo e dinheiro perdido. Tombense 2 x0 em pleno Canindé. A Lusa com um time apático que não fez quase nada em campo depois que tomou o primeiro gol aos 30 minutos.


Herdei a paixão pelo time do meu pai, que herdou do meu avô, português que chegou ao Brasil nos anos 50 e que talvez tenha visto na Lusa uma forma de manter o sentimento por sua pátria forte. Eles viram a Portuguesa em seu auge, nos anos 70, 80,90, e quase levantar o caneco do brasileirão em 96. O que vemos hoje não é nem sombra do que ela já foi um dia.

Comemorei no Canindé o título da série A2 do paulista em 2007, 4 x0 em cima do Rio Preto, com gol de Diogo. Está registrado no documentário O Caminho dos Campeões. Meu pai e meu irmão estavam lá comigo.

Mas desde então foram altos e baixos. Muitos, mas muito mais baixos.


A camisa verde clara em homenagem ao título de Portugal conquistado na Euro, dia 10, com a frase “Nação Valente, Imortal!”, tirada do hino português não adiantou em nada. Talvez teria sido melhor jogar de camiseta branca (dessas que se usa por baixo de camisas para reter o suor), com fita isolante nas costas para os números.

E sábado tem mais. Macaé x Portugesa, no Rio, começando o segundo turno da série C do brasileirão de 2016. Mais uma vitória do Macaé? Portuguesa na zona de rebaixamento para a série D em 2017?

Não sei como terminar esse texto com uma mensagem positiva.


Melhores momentos do jogo: