quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Constante 0026 | O cinza do céu estava lá

 

Bem, o dia começou meio cinza para mim. Não sei. Parecia que ia ser um dia bom. Era um... pressentimento, sabe. Eu estava errado.

Primeiro bati o carro. Fiquei no prejuízo. Paguei o cara do outro carro pra discussão ficar menor e mais barata. Fui direto pro mecânico.

E ele falou, Caraio, cê deu quanto pro cara? Por uma raladinha dessa? Cê é louco.

Vai ve que eu sou mesmo, eu disse.

Depois minha namorada me liga. Amor, a gente precisa conversar sério quando você vir aqui em casa hoje a noite.

Pronto, pensei.

E até já sabia qual que seria a conversa.

Saí pra fumar um cigarro no horário de almoço antes de comer e uma senhora passa por mim e me diz na cara dura, Pensa que isso aí vai te dar algum futuro? Humm!

Simplesmente fiquei sem reação.

Quando estava perto de terminar o cigarro um cara me dá um safanão e me derruba no chão.

Ae, mermão, que porra é essa de ficar mexendo com as irmã dos otro?

Eu falei, Nem te conheço, cara. Tá doido?

E ele veio pra cima de mim e me deu um soco.

Nisso veio a filhadaputa da irmã e diz, Não é esse aí não, Júnior. É aquele outro cara ali no canto.

O cara que estava no canto era o sacana do almoxarifado. Sempre contando vantagem, sempre com um rolo, um caso. E eu pagando o pato dessa vez.

A minha marmita tinha alguma estragada.

30 minutos depois de comer lá estava eu no trono. Tive que voltar mais três vezes durante a tarde.

Olhei pela janela e às quatro horas da tarde o sol deu lugar a um céu cinza e escuro. A tempestade começou logo depois. Faltou luz, vieram os raios, trovões, a coisa toda.

Dirigi de volta pra casa sem saber que estava a dois palmos de mim. Pelo menos cheguei em casa.

Liguei a TV mas ela não quis ligar.

Queimada.

Assim como o telefone fixo e o microondas.

Mas que caralho!, eu gritei, pra vizinhança toda ouvir.

Nisso a minha namorada me liga, pra fechar com chave de ouro.

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